Entrevista - Rafael Gonçalves

   Rafael Gonçalves é Jornalista e radialista formado pela Universidade Católica de Santos. Foi Assessor de imprensa da Universidade católica de Santos entre 2003-2004 e gerente Operacional Regional da Wise Up (2004-2008) na cidade de São Paulo - Baixada Santista - ABC.Atualmente repórter e crítico musical do site Guia da Semana.

   Qual o conceito que você dá para Comunicação Organizacional?
   Todo e qualquer processo/estratégia de comunicação que se dá dentro de uma empresa/órgão/instituição, seja para com o público interno ou externo, visando atingir determinado fim.

   Você acha que há algum conceito geral sobre Comunicação Organizacional? Quais são as características? Se não tiver, o que falta para isso acontecer?
   É muito difícil pontuar conceitos em qualquer área da comunicação, visto que tal ramo influencia e é influenciado por um fator fortemente variável - o fator humano. O que há, pelo meu ponto de vista, é um protocolo em estratégia de comunicação. Dentro de uma estratégia, uma ou mais metas podem ser modificadas dependendo dos resultados alcançados no meio do processo. Da mesma forma que uma estratégia de sucesso em uma organização pode não surtir efeito em outra organização de estrutura semelhante, dadas suas paticularidades, paradigmas e crenças. Quanto ao que falta para isso acontecer, não creio que isso vá ou deva acontecer. As grandes "sacadas" de marketing, propaganda ou de comunicação empresarial sempre se deram em detalhes que tornam-se grandes idéias com a comprovação de seu sucesso.

   Quais as características mais importantes para ter uma comunicação excelente numa organização?
   Bom senso acima de tudo. Bom senso para identificar a necessidade de determinado produto de comunicação (seja um newsletter interno, boletim, revista mensal, radioweb) e conhecimento do público para quem se fala. A Cosipa, quando implantou seu jornal interno, por exemplo, em meados dos anos 80, implantou um papel couche de alto brilho e fino acabamento e impressão. Os operários tiravam a luva para pegar no jornal. Depois de 3 meses, a companhia implantou o formato tablóide germânico em papel jornal comum, trocando o nome do jornal para "O Chapa" (muito mais próximo da realidade dos operários que, inclusive lidavam com CHAPAS de aço). A tiragem e o interesse dos funcionários aumentou tanto que, com o tempo, apesar de ser uma mídia institucional, até página com publicidade havia, bem como classificados. Neste meio, por exemplo, uma newsletter não funcionaria jamais, pois um operário não teria acesso ao email durante todo o expediente. Não importa se vários produtos terão que ser desenvolvidos. O que não pode é que uma estratégia de comunicação restrinja ou selecione o público de acordo com o meio pelo qual ela é propagada.

   Qual a parte da comunicação organizacional você considera mais promissor para estudo?
   Intranet. Hoje em dia, redes de comunicação como MSN, Twitter e Myspace estão deixando de ser "proibidas pelo RH" por serem consideradas "distrações" durante o trabalho para passar para o controle da área de comunicação, pode serem vistas como "ferramentas de comunicação".
Não se pode desprezar a velocidade com que seguidores do Twitter leem as mensagen de 40-60 toques - Muito mais rápido e efetivo que o email, pois ele pode nunca ser aberto, conter vírus ou ficar preso nos anti-spams. Isso sem falar na economia que Skype ou MSN podem proporcionar em telefone. A Wise Up, multinacional de ensino de Ingles, aboliu ligações entre filiais. Hoje, executivos da área operacional fazem reuniões via videoconferência.

   Na sua opinião, qual a importância da comunicação organizacional nas empresas brasileiras?
   Vital. Sendo o Brasil um país em desenvolvimento, a comunicação pode ampliar o potencial produtivo das empresas, aproximando-as do consumidor, descobrindo suas verdadeiras necessidades e auxiliando na melhoria e na quantidade dos pordutos ofertados. Assim como pode reduzir insatisfações e situações de mal entendido com o público interno. Sites e blogs de empresas, hoje, já contam com espaço até para reclamações. É muito mais interessante ter um funcionário reclamando dentro da empresa do que alardeando problemas fora dela.

   O jornalismo está relacionado á comunicação organizacional?
   Claro. A sensibilidade e o poder crítico de um jornalista são sempre bem vindos ao ambiente corporativo. Assim como a criatividade de um publicitário é fundamental na área de MKT para definir estratégias de prospecção de novos mercados e o senso prático organizador do relações públicas para determinar certos modus operandi no que diz respeito ao executar das estratégias.

   O que consiste no processo de planejamento de uma comunicação estratégica?
   É difícil responder a essa pergunta sem conceituar. O processo de planejamento envolve reunião com todos os setores do dpto de comunicação, incluindo MKT (que não deve ser encarado como comunicação, o dpto de comunicação serve à estratégia de mkt, mas jamais cuida ou é responsável por ele) e uma análise de metas e perspectivas. O levantamento de possíveis problemas no processo até atingir o objetivo desejado devem ser todos pontuados. Uma boa estratégia contempla sempre os piores problemas - a crise no processo. Afinal, qualquer intempérie menor do que a crise pode ser contornada pela equipe com facilidade.

   Dê exemplos de canais que apresente conhecimentos em comunicação organizacional e de relações públicas (blogs, sites, livros, newsletter eletrônica, entre outros..)
   - www.gestaoelideranca.com.br
   - Publicações, em geral, de Tom Coelho
   - ReleaseMania - Gerson Moreira Lima (um jornalista que "debutou" na área de comunicação empresarial no governo municipal de São Vicente - ótimos insights sobre a diferença entre marketing, assessoria de imprensa e assessoria de comunicação)
   - Aberje